Ordens do Amor

 Frequentemente o amor entre o homem e a mulher é impedido por não serem reconhecidas as condições para o crescimento da relação.  Neste caso, a constelação é útil para encontrar as formas de restabelecer a ordem no sistema. Por exemplo, uma das condições mais importantes para o bom êxito do amor é que, no processo de dar e tomar, se volte sempre a alcançar uma compensação positiva. Quem toma, também deve dar; se ama, deveria dar um pouco mais do que recebeu. Assim, através do amor, a troca recíproca é estimulada no sentido de um alto investimento de vida. A isto chamamos felicidade. Mas essa felicidade é também difícil. Ela exige muita coisa dos parceiros, que então dificilmente podem separar-se.

Às vezes, alguém já não consegue sustentar a troca crescente do dar e tomar, e talvez se sinta atraído por um outro parceiro, com quem possa trocar menos. Ou então minimiza com críticas o que recebe, para sentir-se menos obrigado. A compensação entre o dar e o tomar funciona nos relacionamentos como uma lei natural. Se o desequilíbrio cresce demais, a relação não consegue suportá-lo.

Se, por exemplo, a mulher custeou para o marido uma formação superior, sustentando-o, é frequente que ele a deixe depois, porque a compensação se torna muito grande e difícil para ele. Quando um dos parceiros traz um grande peso em bens, relacionamentos anteriores, filhos, destino, caminho de vida, e o outro não pode contrapor-lhe nada de equivalente, isso pode destruir o relacionamento depois de algum tempo.

A gratidão e o amor podem aliviar parte do desequilíbrio, mas muitas vezes é difícil. Também as ofensas exigem compensação. Enquanto o parceiro ofendido quiser permanecer inocente não haverá possibilidade de compensação.  Citarei aqui, de modo sucinto, outras formas das ordens do amor.

A primeira é a primazia da relação do casal sobre o cuidado dos filhos – pois o cuidado dos pais pelos filhos aumenta com o amor recíproco entre os pais. Se este é sacrificado em benefício do cuidado com os filhos, isto separa os pais e os filhos não o aceitam, porque os pais pagam o preço em sua relação. Já nos sistemas familiares complexos, onde existem filhos de relações anteriores, a ordem correta confere primazia ao cuidado pelos filhos dessas relações. Contudo, no que toca à relação entre o homem e a mulher, prevalece o novo sistema.

Devemos considerar também outra ordem do relacionamento, fruto da percepção que Bert Hellinger exprime com esta frase: “A mulher deve seguir o homem (em sua família, em seu país, em sua cultura) e o homem deve servir ao feminino”. Na terapia de casal devemos, portanto, ter em vista o que está em desequilíbrio na relação e como é possível restaurar uma troca positiva e aberta para o futuro, ou então conseguir uma compensação que possibilite uma boa separação.

Verificamos, ainda, o que precisa ficar em ordem na relação, de modo que ela volte a ser vivida de uma forma confiável.​​

Fonte: Tania Rocha

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